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segunda-feira, 18 de janeiro de 2016
sábado, 2 de janeiro de 2016
O Cliente tem sempre razão! (Luís Gonçalves)
COMÉDIA
Autor: Luís Gonçalves
Se estiver interessado/a em representar esta peça de teatro agradecia que entrasse em contacto comigo, através do meu email: goncalvesluis_1@hotmail.com
ou do meu telemovél: 916940893
ou do meu telemovél: 916940893
Palmira (empregada):
Sr. Descanso (patrão):
Sr. Custódio (velho):
Cabras (bêbado):
6 Ucranianos:
Dr. Finório (médico):
Nézinho:
1 ATO
CENA 1
O cenário de
um café. Vê-se uma placa que diz “café do Descanso”. O balcão está virado para
o público. Dentro do balcão, vê-se a máquina do café, a torradeira, prateleiras
com bebidas e com pastilhas. Vê-se também um pipo com vinho, algumas arcas
frigoríficas, uma máquina de finos, uma registadora, um lava louça e em cima do
balcão vê-se um frasco com gomas. Á frente do balcão vê-se algumas mesas, com
cadeiras á volta delas.
Quando os
panos abrem,
Palmira, está
a lavar a louça e a cantar. Esta é loura, tem uma falha nos dentes, usa um
avental, uma bruta de uma mini saia e tem uns auriculares nos ouvidos. Enquanto
o Sr. Descanso, está sentado no balcão a mexer no seu computador. Este usa
óculos, bigode e tem uma barriga enorme. Numa mesa está um invidio podre de
bêbado a dormir rodeado de garrafas de cerveja. Tem uma garrafa de cerveja na
mão. Noutra mesa está um velho a ler um jornal e tem um café na frente. Noutra
mesa estão 6 Ucranianos muito animados, a beber cerveja e a comer hamburgers.
Entretanto chega outro cliente, o Dr. Finório, este
veste uma bata branca e trás um auscultador pendurado no pescoço. Senta-se
noutra mesa. Mas Palmira não dá por a sua chegada.
Palmira: (canta muito mal) Ai meu amor, meu amor
Porque é que deves de
porrada,
Não me dás uma flor?
Ai meu amor, meu amor
Porque é de deves de
porrada
Não me dás calor?
Sr. Descanso: Oh Palmira,
chegou um cliente! Deixe-se de cantilenas e vá atender o senhor!
Palmira: (não ouve continua a cantar) Ai que vida
esta,
valia mais… (Sr. Descanso levanta-se e tira-lhe os
auriculares dos ouvidos) Ai senhor Descanso!
Sr. Descanso: Nem ai, nem
ui! Chegou um cliente!
Palmira: Eu estava a cantar!
Sr. Descanso: Você chama a
isso cantar? Eu chamo poluição sonora!
Palmira: Eu canto assim
tão mal?
Sr. Descanso: (cínico) Não! (normal) Que ideia! Até espantou os clientes quase todos!
Palmira: Se não gostam de
me ouvir cantar problema deles!
Sr. Descanso: Problema
deles não, problema seu que incomoda os clientes! Se eles não gostam de a ouvir
cantar, a senhora não canta! Pois o cliente tem sempre razão!
Palmira: Ai é? Fique
sabendo que ali, o vizinho da frente diz que eu canto bem!
Sr. Descanso: Fique
sabendo que ali o vizinho da frente é surdo! E agora vá atender aquele cliente
que é para isso que a Palmira é paga! (senta-se
novamente no seu lugar)
Palmira: Não pode lá ir o
senhor?
Sr. Descanso: Eu? Ainda
mais essa. Vá lá você que é a empregada. Eu tenho mais de fazer! Estou
ocupadíssimo aqui no facebook, a meter likes e a cuscar a vida dos outros.
Palmira: Mas eu estou a
lavar a louça.
Sr. Descanso: A louça fica
para depois. Primeiro está o cliente!
Palmira: Mas o senhor no
outro dia disse que não queria que eu deixa-se um serviço por fazer.
Sr. Descanso: Mas isso é
quando não há clientes para atender.
Palmira: Ah ok!
Sr. Descanso: Agora, vá
atender o cliente antes que eu perca a cabeça.
Palmira: Pronto está bem, não
perca a cabeça que ela faz-lhe falta! (vai
atender o Dr. Finório) Olá Dr. Finório como está?
Dr. Finório: Estou capaz
de a esganar! Uma pessoa aqui á espera de ser atendido e a senhora no paleio
com o seu patrão!
Palmira: Ai que mau humor!
Dr. Finório: Mau humor,
não! Primeiro está o cliente, depois é que está o paleio. Percebeu?
Palmira: Percebi! Percebi!
Dr. Finório: Traga-me um
café!
Palmira: Sim senhor! (vai a virar as costas)
Dr. Finório: Frio!
Palmira: Está frio? Por
acaso até está, mas se quiser desliga-se o ar condicionado.
Dr. Finório: Mas para que
é que vai desligar o ar condicionado?
Palmira: Então o senhor doutor
disse que estava frio!
Dr. Finório: Mas quem é
que disse que estava frio? Eu quero é um café frio!
Palmira: Ah! Quer um café
frio! Não estava a perceber!
Dr. Finório: Também era de
admirar se percebesse alguma coisa.
Palmira: Mas tem a certeza
que quer um café frio?
Dr. Finório: A Palmira faz
cada pergunta! Claro que tenho a certeza que quero um café frio, senão não lhe
estava a pedir.
Palmira: Pois, mas como
não é costume pedir café frio.
Dr. Finório: Mas hoje
apetece-me um café frio. Não posso?
Palmira: Claro que pode!
Dr. Finório: Então está á
espera de quê?
Palmira: De nada! Só acho
estranho beber um café frio!
Dr. Finório: Você não está
aqui para achar nada. Você está aqui para servir o que os clientes pedirem,
percebeu?
Sr. Descanso: Oh Palmira,
se o Dr. Finório quer um café frio, serve-lhe um café frio e ponto final. O
cliente tem sempre razão, mulher.
Palmira: Pronto está bem! Vou-lhe
servir um café frio! (entra dentro do
balcão e enche um copo de vinho tinto)
Entretanto começa a tocar o telemóvel do Dr. Finório
Dr. Finório: (atende
o telemóvel) Estou sim?... Olá Dona Gertrudes!... Sim, é o próprio!... Ir
agora para o centro de saúde, era o que mais faltava, ainda agora de lá saí…
Desculpe mas a senhora vai ter de esperar… O que é que a Dona Gertrudes quer que
eu faça?... eu já lhe disse que agora não vou para o centro de saúde… É uma
urgência e depois?... Sim, os enfermeiros estão no centro de saúde, estão. Estão
lá numa reunião de enfermeiros… Ai só acaba lá para a noitinha!... Então o que
é que a senhora quer que eu faça?... Não me esteja atazanar a cabeça mulher!
Mas o que é que a senhora tem para estar assim tão aflita? Está constipada é?
Ai já sei! Está outra vez com hemorróidas!... Ai não?… Partiu a cabeça? Pensei
que fosse mais grave. Olhe então se partiu a cabeça cole-a, pois eu agora estou
no café. (desliga o telemóvel) Esta
gente não tem respeito por ninguém!
Palmira: Ora aqui tem o café
frio! (mete o copo de vinho á frente do
Dr Finório)
Dr. Finório: Mas quem
pediu isto?
Palmira: Foi o Dr.
Finório!
Dr. Finório: Eu? Eu pedi
um café frio, não foi um copo de vinho tinto.
Palmira: Mas um café frio
é um copo de vinho tinto!
Dr. Finório: Ouça lá, você
está a brincar comigo?
Palmira: Eu não! Aqui a
Palmira não brinca em serviço!
Dr. Finório: O livro de
reclamações! O livro de reclamações imediatamente!
Palmira: Já não dá para
escrever mais nada no livro de reclamações está cheio de…
Dr. Finório: Pois, claro
que deve estar cheio de reclamações. Você é uma incompetente, não serve os
clientes como deve ser.
Palmira: Não está a
perceber! O livro não está cheio de reclamações, está cheio de riscos e
rabiscos de um miudito que veio aqui á bocado. Se é que é um sacana o miúdo! Apanhou-me
distraída, entrou dentro do balcão e toca a fazer disparates.
Dr. Finório: É como você.
Sempre que entra dentro do balcão é só para fazer disparates.
Palmira: Mas eu não fiz disparate
nenhum. O senhor doutor é que me pediu um café frio. Ora aqui na terrinha, um
café frio é um copo de vinho tinto!
Dr. Finório: Pois, mas
isso é para esses bêbados sem nível nenhum que costumam frequentar este café. Para
mim, que sou uma pessoa com categoria, um café frio, é um café numa chávena
fria. Percebeu?
Palmira: Ah! Podia ter
dito logo! Escusava de ter feito asneira!
Sr. Descanso: Mas o que passa
aqui? Será que uma pessoa, já não pode estar no facebook o dia todo em paz e
sossegado?
Dr. Finório: É esta sua
empregada, além de ter uma falha nos dentes também tem na cabeça. Pedi-lhe um
café frio e serve-me uma taça de vinho tinto.
Sr. Descanso: Oh Palmira,
por amor da santa. Será que você não dá uma para a caixa?
Palmira: Não dou uma para
a caixa? Já lá meti alguns trocos! Não posso fazer mais, os clientes não aparecem!
Sr. Descanso: Mas o que é
que você está para aí a dizer mulher? Eu queria dizer que não faz nada de
jeito!
Palmira: Ah! Pensei que se
referisse á caixa registadora!
Sr. Descanso: Pois, mas
pensou mal. Pensa sempre tudo mal. Por isso é que só faz disparates.
Palmira: Eu não tenho a
culpa, os clientes é que não fazem os pedidos como deve ser.
Dr. Finório: Você é que
não entende nada. Tem o cérebro de uma galinha retardada.
Palmira: Quem? Eu?
Dr. Finório: Não. Sou eu!
Palmira: Ah! Ok! Você lá
sabe!
Dr. Finório: Mas sei o
quê?
Palmira: Então que tem o
cérebro de uma galinha retardada!
Dr. Finório: O que está para
aí a dizer? Você está-me a insultar? É assim que trata os clientes?
Palmira: O senhor doutor é
que se insultou a si próprio!
Dr. Finório: (levanta-se) Não suporto mais isto! Vou
beber o meu café frio para outro lado! Primeiro demora um ano para me atender,
depois sou mal servido e agora sou insultado.
Sr. Descanso: Oh Palmira,
francamente! Não lhe ligue Dr. Finório, não lhe ligue! Ela não fez por mal!
Dr. Finório: Pois não. Fez
por bem se calhar.
Sr. Descanso: Sente-se Dr. Finório, eu vou servir-lhe o seu café e fica por conta da casa.
Dr. Finório: Não, não é
preciso. Enquanto esta incompetente cá trabalhar eu não quero mais nada daqui.
Sr. Descanso: (suplicando) Não se vá embora Dr.
Finório! Não se vá embora!
(Dr. Finório
sai de cena)
CENA 2
Sr. Descanso: Viu o que
fez? Por causa de si perdemos mais um cliente!
Palmira: Menos um para me
chatear a cabeça.
Sr. Descanso: É sempre a
mesma coisa mulher! Está farta de fazer asneira hoje. De manhã serviu uma
torrada toda preta a uma senhora, á bocado espantou os clientes todos com as
suas cantorias.
Palmira: Essa das torradas
não tive a culpa. A senhora é que gosta delas bem torrada.
Sr. Descanso: Pois, mas
não gosta dela em carvão!
Palmira: Então, o raio da
mulher passa a vida a chatear-me a cabeça, que nunca deixo torrar bem a
torrada! Nunca deixo torrar bem a torrada! Assim fico com a certeza que está
bem torrada.
Sr. Descanso: Pois! E fica
com a certeza que a senhora nunca mais a volta a chatear!
Palmira: Pois fico! Nunca
mais cá põe os pés!
Sr. Descanso: Ai Palmira!
Palmira! Você não aprende. Tem que tratar bem os clientes! Senão lá se vai o
negócio á vida! (Senta-se novamente no
balcão. Escreve no computador, no mural do facebook. Diz o que escreve)
Caros Facebookanos, perdi mais um cliente no meu café! (pára de escrever) Ena pá tantos likes! Tanta gente feliz com a
minha desgraça!
Sr. Custódio: (leva a chavena do café á boca) Oh
Palmira tire-me outro café que este já está frio.
Palmira: (soliloquio) Pois, claro que está frio.
Mete-se a ler o jornal em vês de beber o café. (entra dentro do balcão e começa a tirar um café)
CENA 3
Entretanto
entra um rapaz. Usa óculos e trás uma mochila às costas
Nézinho: (chama pela empregada) Palmira! Palmira!
Atende-me depressa!
Palmira: Oh Nézinho eu agora
não posso, estou ocupada!
Nézinho: Vá lá Palmira!
Palmira: Eu agora estou a
tirar um café? Ou será que nem com quatro olhos vês?
Nézinho: Mas eu vou ter
matemática daqui a nada.
Palmira: Então e depois?
Nézinho: Se volto a levar
falta, o meu pai corta-me o pescoço.
Palmira: Deus o ajude!
Deus o ajude!
Sr. Descanso: Oh Palmira porque
é que não atende o Nézinho?
Palmira: Eu agora não
estou disponível.
Sr. Descanso: Não está
disponível? Para um cliente está-se sempre disponível, mesmo que não esteja.
Palmira: Mas…
Sr. Descanso: Nem mas, nem
meio mas. Se o rapaz quer ser atendido a senhora atende e mais nada. Pois o
cliente tem sempre razão!
(Palmira bufa
e vira-se para o Nézinho)
Palmira: Diz lá o que
queres?
Sr. Descanso: Não é diz lá
o que queres! É o que desejas? E é com um sorriso nos lábios, não é com essa
cara de ovelha mal parida!
Palmira: (bufa novamente) O que desejas Nézinho? (com sorriso cínico)
Sr. Descanso: Assim está
melhor!
Sr. Custódio: Oh Palmira o
meu café sai hoje ou amanhã?
Sr. Descanso: Então o café
do Sr. Custódio?
Palmira: Está aqui!
Sr. Descanso: Então porque
é que não o vai levar á mesa?
Palmira: O senhor é que
não deixou!
Sr. Descanso: Não deixei o
quê? Vá levar o café ao homem! Está á espera de quê? Peço desculpa Sr.
Custódio, mas esta rapariga anda com a cabeça na lua. (Sr. Custódio abana a cabeça)
(Palmira leva
o café ao senhor Custódio. Enquanto isso o Nézinho repara se está alguém a
olhar para si, tira uma manada de gomas do frasco que está em cima do balcão e
mete-as no bolso das calças)
Palmira: Ora aqui tem o seu
cafézinho!
(Palmira vai para meter o café na mesa, de repente o sr.
Custódio abana a mão, bate na chávena e Palmira entorna o café para cima dele)
Sr. Custódio: (salta da cadeira) Olhe para isto!
Sujou-me as calças todas com café! Agora quero ver quem vai aturar a minha
mulher!
Palmira: Desculpe, mas o
senhor é que bateu com a mão na chávena.
Sr. Custódio: Foi para
enxotar uma mosca!
Palmira: Ah! Está a ver?
Sr. Custódio: Estou a ver
o quê? A mosca?
Palmira: Mas qual mosca? É
a razão pela qual eu entornei o café para cima de si? Se o senhor não tivesse
abanado a mão, nada disto teria acontecido.
Sr. Descanso: (levanta-se) Mas o que aconteceu desta
vez?
(o Nézinho aproveita a confusão, tira mais uma manada
de gomas do frasco que está em cima do balcão e mete-as no outro bolso das
calças)
Sr. Custódio: Foi a sua
empregada que me entornou café para cima das calças!
Palmira: Mas…
Sr. Descanso: Oh Palmira
francamente! Outra vez a fazer asneira!
Palmira: Mas eu não tive a
culpa. O senhor Custódio é que bateu na chávena.
Sr. Custódio: Tivesse
desviado a chávena, olhem que esta!
Palmira: Ai eu é que devia
ter desviado a chávena?
Sr. Descanso: Pois devia
sim senhor! O cliente tem sempre razão! Vá mas é buscar um pano e traga outro
café.
(Nézinho, repara que o Cabras está a dormir e tira-lhe
a garrafa das mãos. Olha para dentro da garrafa, bebe e volta a meter no mesmo
sítio)
Sr. Custódio: Não! Já não
quero café nenhum! Aliás, já não quero mais nada daqui! (levanta-se) Vou passar o resto do dia sentado noutro café!
Sr. Descanso: Não faça
isso senhor Custódio. Deixe-se estar! O senhor é cliente da casa há tanto
tempo!
Sr. Custódio: Pois sou!
Desde a semana passada. Mas estou farto da incompetência da sua empregada. Adeus!
Passem bem! (sai de cena aborrecido)
CENA 4
Sr. Descanso: Está a ver o
que você fez? Mais outro cliente que se foi embora por causa de si!
Palmira: Eu não tive a
culpa!
Sr. Descanso: Pois! É
sempre a mesma desculpa! Nunca tem a culpa! (volta-se
a sentar e mexe no computador) Caros facebookanos, a minha empregada
entornou uma chávena de café para cima de um cliente. E o cliente foi-se embora
chateado!
(Palmira, vai
atender o Nézinho que está ao balcão a tirar macacos do nariz)
Palmira: Diz lá o que
queres, oh caixa de óculos?
Sr. Descanso: (repreende) PALMIRA!
Palmira: Pronto está bem! (sorriso cínico) O que é que desejas?
Nézinho: Tens sumol de
laranja?
Palmira: Claro que tenho!
Nézinho: Então dá-me um
sumol de ananás!
Palmira: Mau! Estás a
brincar comigo ou quê? Queres de laranja ou ananás?
Nézinho: Tanto faz!
Palmira: Então vai de
ananás! (vai a virar costas)
Nézinho: Olha, pensando
bem, dá-me antes uma coca-cola fresquinha!
Palmira: É pá tu
decide-te!
Nézinho: É a coca-cola! (Palmira vai a virar costas) Olha
coca-cola, não! Dá-me antes 1 euro de Pastilhas!
Palmira: Tu estás a gozar
com a minha cara?
Nézinho: Vá lá, dá-me um 1
euro de pastilhas!
Palmira: (vai buscar as pastilhas) Aqui tens!
Nézinho: Quanto é que
custa?
Palmira: Eu não acredito
no que estou a ouvir! Nem sei como chegaste ao 10º ano com essa inteligência de
frango!
Nézinho: Eu também não!
Pergunta aos professores, eles é que me passam todos os anos, sem eu saber nada.
Então e quanto é que custam as pastilhas?
Palmira: É 1 euro!
Nézinho: 1 euro? É muito
caro! Dá-me antes um copo de água. Quer dizer, não quero nada!
Palmira: (irritada) Tu estás a gozar comigo? (atira-lhe com as pastilhas) Então toma!
Toma! Podes ficar com elas de borla!
(Nézinho foge
e este sai de cena)
CENA 5
Sr. Descanso: O que é que
você está a fazer? Ficou maluca ou quê rapariga? Atirar pastilhas a um cliente?
Palmira: Então ele estava
gozar com a minha cara!
Sr. Descanso: Estava a
gozar consigo o quê? O rapaz é tão bem comportado, não faz mal a uma mosca, lá
ia gozar consigo? Você é que é tem mau feitio! Vá apanhar as pastilhas
imediatamente! (Palmira apanha-as
pastilhas. Sr. Descanso volta a escrever no morar do facebook) Caros
Facebookanos, a minha empregada expulsou um cliente do café, atirando-lhe com
pastilhas.
(Entretanto
Cabras acorda, leva a garrafa de cerveja á boca, mas está vazia. Vira o gargalo
para baixo, para se certificar que está mesmo vazia, abana a garrafa duas vezes
mas não sai líquido nenhum)
Cabras: Olha! Está… está
vazia! (para a Palmira) Oh da casa!
Oh da casa! Outra… outra cerveja aqui para o Cabras.
Palmira: Não há cerveja
para ninguém! Acabou!
Cabras: O Cabras… o Cabras
tem sede! O Cabras tem sede! Traga outra cerveja para o Cabras se faz favor!
Palmira: Tens sede bebe
água!
Sr. Descanso: Oh Palmira,
dê uma cerveja ao Cabras se faz favor!
Palmira: Então mas ele
está podre de bêbado!
Sr. Descanso: Nem que
estivesse em coma alcoólico profundo. Se o Cabras quer uma cerveja, serve-lhe
uma cerveja e ponto final. Pois ele é cliente e o cliente tem sempre razão!
Mesmo que não tenha! Percebeu? Veja se encaixa isso na sua cabeça uma vez por
todas!
Palmira: Pronto! Está bem!
Só acho que ele já bebeu muita cerveja hoje!
Sr. Descanso: Melhor para
nós! Quanto mais ele beber mais facturamos ao fim do dia. E agora se me dá licença
vou ali á casa de banho! (volta a
escrever no facebook) Caros facebookanos, vou ter de vos deixar por uns
minutos, pois vou á casa de banho! (o Sr.
Descanso vai á casa de banho e a Palmira serve uma cerveja ao Cabras.)
CENA 6
(Entretanto
os Ucranianos levantam-se)
Ucraniano: Senhora,
senhora nós não querer pagar!
Palmira: Não querem pagar?
Não faz mal! Pois o cliente sempre razão, não é verdade? Vá fiquem bem! Voltem
sempre!
Ucraniano: Obrigado
senhora!
(Ucranianos
saem de cena. Palmira pega numa bandeja, num pano e vai levantar as mesas.)
Palmira: (canta) Ai meu amor, meu amor
Porque é que deves de
porrada,
Não me dás uma flor?
Ai meu amor, meu amor
Porque é de deves de
porrada
Não me dás calor?
CENA 7
(Ouve o
autoclismo a trabalhar e o senhor Descanso volta a entrar em cena)
Sr. Descanso: Os chineses
já se foram embora?
Palmira: Chineses?
Sr. Descanso: Sim, aqueles
estrangeiros que estavam naquela mesa!
Palmira: Ah! Mas eles não
são Chineses, são Ucranianos!
Sr. Descanso: Deixa-los
ser. Para mim é a mesma coisa, desde que tenham pago a despesa!
Palmira: Pois. Mas não quiseram
pagar!
Sr. Descanso: Não quiseram
pagar? E a Palmira deixou-os irem embora sem pagar?
Palmira: Então não é o Sr.
Descanso que diz que o cliente tem sempre razão?
Sr. Descanso: (irritado) PALMIRA! ESTÁ DESPEDIDA!
ESTOU FARTO DA SUA INCOMPETENCIA!
Palmira: Ai estou
despedida? Quero lá saber. Eu também não sou sua empregada!
Sr. Descanso: Não é minha
empregada? A senhora não é a Palmira?
Palmira: Não! Sou a irmã
gémea!
Sr. Descanso: Não sabia
que a Palmira tinha uma irmã gémea!
Palmira: Pois tem! Desde
pequenina! É que ela hoje não lhe apeteceu vir trabalhar, então vi eu por vês
dela.
Sr. Descanso: Olha para a
sacana da Palmira, não quis vir trabalhar! Mas também não tem mal. Eu também
não sou o patrão da Palmira.
Palmira: Ai não é o sr.
Descanso?
Sr. Descanso: Não! Sou o
irmão gémeo do sr. Descanso. É que ele hoje também não lhe apeteceu vir
trabalhar, então vi eu por vez dele.
(fecha o pano)
FIM
2/1/2016
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