domingo, 24 de maio de 2009

Os Turistas (Luís Gonçalves)




Autor: Luís Gonçalves


Se estiver interessado/a em representar esta peça de teatro agradecia que entrasse em contacto comigo, através do meu email: goncalvesluis_1@hotmail.com

ou pelo meu telemóvel: 916940893


Personagens:


Leonor (Fotografa):

Emplastro Gervásio (Talhante):

Professora Helena:

Edgar/Hélder Matos (surdo-mudo/louco):

Mihamad (Árabe):

(podem existir mais turistas que entram como figurantes):

Empregada da pastelaria:

Guia Turística:

Psiquiatra:

Panóias (Homossexual):


Introdução:


Esta história passa-se à volta de um museu, perto de coimbra. No século XIX, era um castelo governado por um rei, D. Américo. Este tinha um filho muito jovem, o príncipe Filipe que tinha uma grande paixão pela pintura, então pintava quadros ás escondidas, porque seu pai achava que a pintura não era futuro para ele. Queria que ele estudasse e ganhasse sabedoria suficiente para um dia mais tarde governar o seu reino. Até que um dia o rei descobriu o esconderijo e mandou queimar os quadros. O príncipe ficou muito amargurado e suicidou-se.


Cena 1:


Autocarro. A Leonor, a prof. Helena, Edgar, o Talhante e o Mihamad fazem uma fila, como estivessem num autocarro. O Edgar traz uma mochila, a Leonor uma máquina fotográfica, Mihamad traz um pano branco, enrolado na cabeça e um mapa e o Talhante uma bata branca


Leonor: Já meteram o cinto?


Os turistas fazem o gesto de meter o cinto. Edgar toca na professora e faz um gesto em como não ouviu


Professora: É para meter o cinto Edgar! (faz o gesto) Cinto!


Edgar acena com a cabeça e mete o cinto


Leonor: Estão prontos?


Professora: Pode arrancar Leonor!


Fazem todos gesto do arranque, percorrem o palco a correr lentamente, sempre em fila indiana e atrás da Leonor. Mihamad dá as indicações e os turistas obedecem


Leonor: Onde é que fica o castelo?


Mihamad: Fica para os lados de Coimbra.


Leonor: Não conheço bem essa zona! Eu e os meus pais somos Portugueses. Somos de santa Maria da feira! Só que quando eu tinha 8 anos, fomos para o Brasil.

Vínhamos a Portugal de vez enquanto, mas era raro virmos a Coimbra. Só me lembro de uma vez ir com eles ao Portugal dos Pequeninos, eu achava engraçado, aquelas casinhas pequeninas.


Mihamad: Então se não sabe bem o caminho eu vou-lhe indicando! (dá as indicações) Frente! Frente! Direita! Direita! Esquerda! Frente! Uma rotunda! Frente…


Leonor: (grita) UM CÃO NO MEIO DA ESTRADA! (faz o gesto da travagem) Ufa! Foi por pouco!


Talhante: Maldito cão! Era passar-lhe por cima!


Leonor: O senhor é mesmo um insensível!


Professora: Vê-se logo que é talhante!


Mihamad: É mesmo português!


Talhante: (para o Mihamad) Cala-te ó cabeça de pano! Senão transformo-te num hambúrguer e meto-te à venda no meu talho!


Mihamad: Mihamad senhor! Chamo-me Mihamad! (para a Leonor) Siga em frente menina Leonor. Estamos perto da Auto-estrada! (dá as instruções do percurso) Frente! Frente! Frente!


Talhante: Já estou a ficar enjoado! (Edgar toca-lhe no ombro) O que é que foi? (dá-lhe um saco) Mas para que é que eu quero isto? (faz o gesto como estivesse a vomitar) Fala mas é como as pessoas normais!


Leonor trava o autocarro todos fazem o gesto de travar


Leonor: Se o senhor talhante volta a insultar mais alguém vai a pé!


Seguem a viagem


Professora: O pobre do Edgar só estava a querer ajudar!


Mihamad: O senhor Talhante tinha dito que estava enjoado, não foi?


Talhante: Estou enjoado mas é de te ouvir, seu cabeça de pano!


Mihamad: Mihamad senhor!


Talhante: Se és mimado eu não tenho a culpa! Os teus pais é que não te souberam dar educação!


Leonor: Esteja calado homem!


Professora: Olha ali uma pastelaria! E se parássemos para beber qualquer coisa fresca?


Mihamad: Sim! Boa ideia professora Helena.


Leonor: Sim. Também acho!


Talhante: Olha agora é que alguém disse alguma coisa acertada! Para eu beber uma cervejola.


Leonor: Ok! Então vou estacionar mais à frente.


saem de cena


Cena 2:


Uma pastelaria. Os turistas estão sentados de volta de uma mesa, entretanto aparece a empregada com uma bandeja na mão


Empregada: Boa tarde! (os turistas respondem) O que desejam? (vai apontando os pedidos num caderno)


Leonor: Eu queria uma fanta de laranja, se faz favor!


Professora: Eu queria uma garrafa de água, bem fresca! Se faz favor! (queixa-se) Ai que calor! Oh senhora empregada veja lá, se liga o ar condicionado! Eu morro aqui de calor!


Empregada: Peço imensa desculpa minha senhora, mas o ar condicionado avariou! Já chamei um técnico, há mais de um mês e ele não aparece!


Professora: Mas será que é sempre a mesma coisa neste país?


Talhante: Eu queria um fino!


Empregada: Lamento mas o barril está vazio! Só de garrafa!


Talhante: Não faz mal! O que vier morre!


Mihamad: Eu queria uma Coca-Cola!


Empregada: Muito bem! (para o Edgar) E o senhor…


Talhante: Coca-cola é para meninas! A cerveja é para homens como eu! Percebeu senhor Muçulmano?


Mihamad: (furioso) Eu não sou Muçulmano está bem?


Professora: (segura o Mihamad) Tenha calma!


Mihamad: Eu sou Árabe! Sou Árabe desde que nasci!


Leonor: (para o Mihamad) Calma!


Empregada: Vamos lá a ter calma!


Mihamad: Seu talhante duma figa! Se me voltas a chamar Muçulmano, enfio-te uma bomba no coiso…


Professora: Ei! (repreende)


Empregada: Parou! Parou!


Leonor: Nada de cobiçar o coiso do próximo!


Edgar toca na empregada e faz um gesto que quer uma cerveja


Empregada: Como?


Professora: Peço desculpa mas o Edgar é surdo-mudo! Ele está a pedir uma cerveja!


Empregada: Com certeza!


A Empregada sai de cena. Mihamad olha para o mapa


Professora: Estamos muito longe do castelo?


Mihamad: Faltam quatro quilómetros!


Talhante: Então estamos perto!


Leonor: Vamos ter de andar quatro quilómetros a pé meu amigo!


Professora tira um jornal da sua sacola e começa a ler


Talhante: A pé? Porque é que não vamos de autocarro?


Leonor: O senhor não viu ali fora um sinal de trânsito proibido? Ainda não percebeu, que não se pode conduzir nesta zona! É mesmo burro!


Talhante: Não sou burro sou talhante!


Entretanto aparece a empregada de mesa e começa a distribuir os pedidos e sai. Começam todos a beber


Professora: (lê um jornal) Atenção: (ficam todos especados a olhar para a professora) Esta madrugada fugiu do manicómio de coimbra, Hélder Matos um indivíduo que sofre de perturbações mentais. O sujeito aparenta-se como uma pessoa normal, mas a qualquer momento pode se tornar muito violento. O indivíduo veste uma bata azul onde tem a sua identificação, o seu nome e o nosso contacto. Caso o encontre agradecemos que nos ligue. Obrigado!


Edgar começa a tossir e a Leonor bate-lhe nas costas


Leonor: (para o Edgar) Então rapaz? Estás melhor? (Edgar abana a cabeça e agradece) A cerveja pica?


Professora: Coitado do Edgar! Se calhar percebeu o que a Leonor disse e ficou chocado com a notícia! (para o Edgar) Este sujeito deve a andar bem longe! Ninguém te faz mal! (Pausa) Como é que deixam fugir um indivíduo com perturbações mentais do manicómio?


Leonor: Este país está a ficar cada vez menos seguro!


Talhante levanta-se e sai


Mihamad: Portugal está a ficar pouco seguro? Imagino se vivessem no Iraque! Portugal é um paraíso! Isto ainda não é nada!


Edgar pergunta por gestos onde foi o talhante


Leonor: Professora Helena, o que é que ele está a dizer?


Professora: Está a perguntar para onde foi o talhante!


Mihamad: Cá para mim serviu-lhe a carapuça!


Leonor: Não me digas que ele é o tal que fugiu do manicómio?


Professora: Não digam estas coisas à frente do Edgar! Coitadinho! Ele não ouve, mas percebe o que dizemos através dos lábios! E pode ficar assustado!


Mihamad: (olha para o mapa) Ora deixa cá ver o caminho até ao castelo!


Edgar levanta-se e vai para pé do Mihamad ver o mapa


Leonor: Estive a pesquisar na Internet sobre o castelo que vamos ver!


Professora: Ai sim? Ouvi dizer, que encontraram as suas ruínas há pouco tempo!


Leonor: Sim! Eles têm lá no castelo, uma exposição de quadros! Eu adoro exposições de quadros!


Edgar aponta para o mapa


Mihamad: Tem calma Edgar! Nós já vamos ver o castelo!


Professora: O que foi?


Mihamad: O Edgar quer ir ver o castelo!


Professora: Edgar tem calma já vamos!


Leonor: Ele é teu aluno?


Professora: Não! Conheci-o hoje! Mas dou aulas a crianças especiais e também tenho alguns alunos como o Edgar. Por isso percebo tudo o que ele diz!


Leonor: Adoras o teu trabalho!


Professora: Sem duvida! Sempre tive um grande amor por estas crianças! Tive uma irmã que tinha paralisia cerebral profunda, um dia apanhou um vírus, não resistiu e acabou por morrer. (pausa) Adorava a minha irmã! Até que decidi dedicar a minha vida a estes meninos.


Leonor: Tens um grande coração!


Entretanto aparece o talhante


Leonor: Então senhor talhante?


Talhante: O que foi? Uma pessoa já não pode ir verter águas?


Leonor: Devia ter a bexiga bem cheia!


Professora: Sabem onde eu estava bem agora?


Mihamad: Onde?


Professora: Apanhar uns banhos de sol numa praia!


Edgar aponta para o mapa e faz o gesto de nadar


Mihamad: Sim! Existe uma praia aqui perto!


Leonor: Podíamos ir até lá!


Talhante: Boa ideia! Mas primeiro quero outra cervejola! Oh! Se faz favor!


Aparece a empregada


Empregada: Sim!


Talhante: (olha para dentro da garrafa) A garrafa está rota!


Empregada: Como?


Talhante: A senhora é que sabe se come ou se passa fome! Traga-me mas é outra cerveja igual a esta! Mas desta vez veja se me traz a cerveja fresca!

Empregada sai de cena


Leonor: Outra cerveja?


Talhante: Sim porquê? Se me der na caixa cerebral bebo uma grade! Pago para me servirem!


Professora: Então mas beba rápido para depois irmos até à praia.


Talhante: Tenha lá calma! Já vamos à praia!


(fecham os panos)


Cena 3


(abrem os panos)


Passado algum tempo


Esta cena passa-se na praia. Ouve-se o barulho do mar os turistas entram em cena de fato de banho


Leonor: (para o talhante) Afinal paga para o servirem!


Professora: Paga não sei o quê!


Mihamad: Seu chulo!


Talhante: Cala-te Mohamalad!


Mihamad: Mihamad senhor. Mohamalad era o nome do primo, do irmão, do cunhado, do genro, da nora, que saiu lá de casa para fora.


Talhante: Que conflito dos diabos! Mas seja como for, esqueci-me da carteira em casa! Não costumo falhar!


Edgar faz um gesto que se têm que bronzear


Professor: Boa ideia Edgar! Temos que nos bronzear!


Leonor: Convém! Este sol não perdoa!


Talhante: Bronzeador é para meninas sensíveis! Vou mas é mandar um mergulho!


Professor: O senhor não sabe que este sol provoca o cancro?


Talhante: O cancro não me atinge! Eu tenho uma saúde de ferro!


Leonor: O senhor é mesmo um imbecil!


Mihamad: O sol queima a pele senhor!


Talhante: Ok! Mas escusas de me cuspir para a cara! (limpa a cara com um lenço) Vou mas é à água!


Mihamad: Já que tem uma saúde de ferro, veja lá agora se não enferruja!


Talhante: Vai procurar petróleo e deixa-me em paz!


O talhante dirige-se para o fundo do palco, enquanto o resto das personagens fazem uma fila e metem o bronzeador uns aos outros


Professora: Agora já estamos mais descansados! (deita-se no chão a tomar banhos de sol)


Mihamad: Edgar, vamos jogar à bola? (soletra) Bola?


(Edgar fica todo contente e faz o gesto de “fixe” e fingem que estão a jogar passes voleibol aos passes)


Leonor: (para a professora) Quer ir à água Helena?


Professora: Agora não Leonor! Estou tão bem aqui a relaxar! Vá você fazer companhia, ao nosso amigo talhante!


Leonor: Só se fosse para o afogar!


Professora: Pois! Pois! Afoga-lo de amor!


Leonor: Acho que vou tirar umas fotografias! Ainda não tirei nenhuma! (para o Mihama e para o Edgar) Olha o passarinho! (eles sorriem e ela tira uma fotografia)


Professora: Pois mude de conversa!


(O talhante está se afogar levanta os braços para pedir ajuda, mas só o Edgar é que repara e começa a correr para o ir salvar)


Mihamad: O que foi Edgar?


Professora: O que aconteceu?


Leonor: (tira uma fotografia e ri-se) Ah! Ah! Ah! Quem diria que o macho do talhante não sabe nadar!


(Edgar finge que entra na água e que salva o talhante, trá-lo para o centro do palco e deita-o de barriga para baixo


Leonor: (para o talhante) Então senhor talhante? Tão machão mas não sabe dar umas braçadas.


(Professora levanta-se aflita)


Professora: Mas o que aconteceu?


(Edgar pede para terem calma)


Mihamad: Tenham calma! Ele afogou-se e perdeu os sentidos!


Professora: Mas será que nesta praia, não existe nenhum nadador salvador?


Leonor: Não era melhor chamar o 112 ou o INEM? Ele pode ser a pior pessoa que eu alguma vez conheci na vida mas coitado do homem!


(Edgar começa a fazer pressão na barriga do talhante)


Leonor: Mas o que é que estás a fazer Edgar? Queres matar o homem?


Mihamad: Calma! Ele é surdo-mudo mas não é tolo!


Professora: (Admirada com o Edgar) A minha alma está parva!


(Leonor faz respiração boca a boca)


Talhante: (tosse e levanta-se rapidamente) Mas o que é que vocês me estão a fazer? Estão todos malucos?


Leonor: Estamos todos malucos? Para a próxima deixamo-lo morrer afogado!


Talhante: Eu estava a morrer afogado?


Mihamad: Sim!


Professora: Tão macho…


Leonor: Mas não tem tomates para nadar!


Talhante: Também não preciso dos tomates para nadar.


Professora: Se não fosse o Edgar teria morrido!


(Edgar estende a mão para o Talhante)


Talhante: Mas o que é que ele tem?


Leonor: Já que não lhe agradasse, ele fá-lo por si!


Professora: Já que Maomé não vai à montanha vai a montanha a Maomé!


Mihamad: Sim! Quer dizer, o senhor talhante afoga-se, o Edgar salva-o e nem lhe agrade-se!


Talhante: Eu não me afoguei! Eu simplesmente engoli um pirolito e fiquei atrapalhado. Acontece aos melhores!


Leonor: Não seja orgulhoso! Não é capaz de assumir um erro?


Talhante: Eu sei nadar…


Professora: Nota-se!


Talhante: Eu sei nadar e a dona Leonor aproveitou esta situação para me beijar na boca!


Leonor: Eu só fiz respiração boca a boca! Estava preocupada consigo!


(Mihamada e Edgar vão para a beira mar e começam a mandar água um ao outro)


Mihamad: Ai! Está mesmo fria!


(Entre Leonor, Professora e o Talhante)


Talhante: Pois só fez respiração boca a boca! Você aproveitou a ocasião para me beijar! Foi o que foi! Vocês as mulheres, lá percebem alguma coisa de salvamento? Vocês unicamente só sabem fazer renda! E a Leonor só sabe tirar fotografias! Quer dizer…


Professora: (para o talhante) Você não perde esse machismo da treta!


Talhante: Sabe o que é que eu tenho em comum consigo Leonor?


Leonor: Nada! Nada! Eu não quero ter nada em comum consigo!


Talhante: A nível de trabalho temos! Eu corto carne de animais e você corta cabeças das pessoas nas fotografias. Você é uma péssima fotógrafa!


(Leonor aproxima-se do Talhante e dá-lhe uma chapada)


Leonor: Nunca mais me volte a insultar! Seu carniceiro!


Talhante: (furioso) E você nunca mais me… me… (olha para ela nos olhos aproximam os lábios)


Professora: E que tal irmos molhar os pés Leonor?


Leonor: (para Talhante) Mas o que é que você pensa que está a fazer? Hã?


Talhante: Estava a ver se caía! Mais uma vez aproveitou a ocasião!


Leonor: Veja lá se quer apanhar outro estalo!


Talhante: (goza) Não se incomode, este chega!


Professora: Manda-o apanhar mexilhões! Vamos mas é mandar um mergulho! (vão até à beira ma )


(Talhante mete o protector e deita-se)


Talhante: Esta mulher é mesmo uma sanguessuga marinha! É uma sanguessuga mas eu até… até… (adormece e ressona)

(os outros nadam divertem-se na água, depois voltam. Edgar aponta para o Talhante que dorme perfumadamente fazendo um barulho horrível e faz o gesto de um tractor)


Mihamad: O Edgar está a dizer que o senhor Talhante parece um tractor! (ri) Ah! Ah! Ah!


Talhante: (acorda assustado) UMA FORMIGA! UMA FORMIGA! UMA FORMIGA!


Professora: Calma homem! Aqui não há formigas!


Mihamad: Pelo menos ainda não vi nada!


Leonor: Não sabia que um machão como você tinha fobias!


Mihamad: E ainda por cima de formigas!


Talhante: Eu ter fobias a formigas? Vocês devem é estar malucos! Isto foi só no sonho e era uma formiga gigante.


Professora: Pois! Pois!


Professora: Olhe uma formiga!


Talhante: (aflito) Onde? Onde?


Professora: (ri) Ah! Ah! Ah!


Mihamad: Bem temos de ir andando! (pega no mapa) Ainda temos mais 2 km para fazer!


Talhante: Mais 2 km a pé? Com caneco!


Leonor: Pois!


(Edgar faz gesto que há bicicletas)


Professora: Bicicletas aqui?


(Edgar faz gesto que se pode alugar bicicletas paga-se 2 euros)


Professora: Paga-mos 2 euros cada um pelo aluguer de uma bicicleta!


Talhante: 2 euros? É muito caro!


Professora: Para si deve ser caríssimo! Nem um cêntimo trouxe.


Leonor: Ok! Vamos lá então.


(Mihimad bate na mão do Edgar)


Cena 4


Fingem que andam de bicicleta. Talhante vai atrás de Edgar como fosse no banco de traz, pois também tem medo de andar de bicicleta


Talhante: Tirem-me daqui! Tirem-me daqui!


Mihamad: Eu tinha vergonha!


Talhante: Cala-te Muçulmano!


Mihamad: Árabe senhor! Árabe!


Leonor: Uma descida a pique!


Talhante: (grita) Aiiiiii!


Professora: (para o talhante) Nunca me passou pela cabeça que tivesse medo de andar de bicicleta! Realmente é um homem tão valente, não sabe nadar, tem medo de formigas e não sabe andar de bicicleta!


Talhante: Eu sei andar de bicicleta! Mas não gosto! Aliás andar de bicicletas é para putos. Prefiro jipes e carros!


(Edgar abana a cabeça)


Mihamad: Agora temos uma subida!


Professora: E que grande que é!


Leonor: Mais vale levá-la à mão.


(fingem que levam a bicicleta à mão)


Talhante: Que estafa! Estou a suar para todos os lados!


Leonor: Leve mas é a bicicleta ao Edgar! Coitado!


Talhante: Era o que mais faltava!


Professora: Realmente o senhor talhante tem razão! Está uma brasa.


Talhante: Estou uma brasa? Pois isso sei eu!


Professora: Não é você. É o tempo. Está calor!


Mihamad: Olhem uma fonte!


(chegam à fonte bebem todos água da fonte. Aproveitam para lavar a cara e continuam o percurso com as bicicletas na mão. Desta vez o talhante decide levar a bicicleta à mão)


Leonor: Sim senhor! Finalmente faz uma coisa de jeito!


Professora: Mandou o orgulho dar uma volta!


Talhante: Não me chateiem muito, senão dou a bicicleta ao Mudo!


Professora: Vamos lá a ver o respeito!


Mihamad: Ele chama-se Edgar senhor!


Talhante: Está bem até se podia chamar Luís Figo, mas é mudo. Não disse mentira nenhuma.


Leonor: E o seu nome?


Talhante: Que tem o meu nome?


Professora: Sabemos o nome de todos e não sabemos o seu. É estranho.


Leonor: Talhante não parece ser o seu nome.


Talhante: Então o meu nome é… O meu nome é…


Professora: (Pisca o olho à Leonor) Não nos quer dizer nada senhor talhante?


Talhante: É pá, vão pentear macacos.


Leonor: Então ande cá q ue eu penteio. (riem todos menos talhante)


Talhante: Engraçadinha!


Mihamad: Ali à frente o castelo!


(fecham o pano)


CENA 5


Surge a Guia do Castelo (pode ser homem ou mulher)


Guia: Olá! Boas tardes!


Professora: Boa tarde!


Guia: Bem-vindos ao castelo D. Américo! Eu sou a guia turística! Vamos subindo as escadas do castelo! (fingem que sobem escadas)


Professora: Isto tem uma muralha enorme à volta do castelo!


Guia: Pois tem! D. Américo queria proteger o castelo dos seus rivais!


(sobem, sobem, sobem)


Guia: Quem tiver vertigens não olha lá para baixo, isto é muito alto.


(Edgar fica com medo das alturas, Leonor vai tirando fotografias)


Professora: Então Edgar?


Leonor: Então rapaz, não tenhas medo!


Mihamad: Calma rapaz!


Talhante: Mexe-me esse presunto, pá!


Guia: Vamos a ter calma!


(fecham-se os panos)


CENA 6


Esta cena passa-se num quarto, há uma cama e um quadro. Entra em cena a Guia e os nossos turistas


Guia: Ora bem…


Talhante: Oh dona, não há por aí um sítio onde se possa beber uns copos?


Guia: Sim! Temos o bar, o senhor sai daqui, segue sempre em frente e vira à direita.


Talhante: Ok! Estou cá com uma secura! (sai)


Leonor: (para a professora) Oh Helena muito mistério esconde este homem!


Professora: Pode crer! O facto de ele não querer dizer o nome quer dizer alguma coisa.


Leonor: Será que o talhante é o tal Hélder Matos?


Guia: Ora este era o quarto do Príncipe Filipe!


Mihamad: Quem era o Príncipe Filipe senhora?


Guia: O príncipe Filipe, era o filho de D. Américo e foi ele que pintou este quadro! (aponta para o quadro)


(Edgar faz um gesto que o quadro é muito lindo)


Guia: Como? Não percebi!


Leonor: Coitado do Edgar ninguém o percebe!


Professora: O Edgar é surdo-mudo, estava a dizer que o quadro é bonito!


Guia: Peço imensa desculpa Edgar!


Leonor: Quando custa o quadro?


Guia: Não está à venda!


Leonor: É pena! É muito bonito! O príncipe era um artista!


Guia: Pois era mas, teve uma vida muito dramática!


Professora: Então porquê?


Guia: O seu pai não permitia que ele pintasse, queria que ele se dedicasse aos estudos para governar mais tarde este reino. Então Filipe, pintava os quadros às escondidas, num sítio onde hoje é a galeria. Houve um dia que o seu pai descobriu, mandou queimar os quadros todos e todo o seu material de pintura. O Príncipe Filipe ficou muito triste e envenenou-se, pois não aguentava a perda do seu trabalho que fez com tanto amor. Mas quando recuperam o castelo, descobriram este quadro pintado por Filipe perdido algures no castelo.


Leonor: È lindo!


Mihamad: Fantástico!


(Edgar faz o gesto do dinheiro)


Professora: O quadro não está à venda Edgar!


Guia: Agora vamos mudar de divisão!


(saem de divisão)



CENA 7


Esta cena passa-se numa divisão onde existem mais quadros, há um cartaz que diz “Não mexer nos quadros!”. Leonor tira umas fotografias aos quadros


Professora: Este castelo é lindo!


Mihamad: Gostei da sala de jantar!


Leonor: Era muito bonita!


Guia: Ora, esta divisão era tal sitiu onde o Príncipe Filipe pintava os quadros às escondidas.


Leonor: (para a Prof. Helena) Onde estará o Talhante?


Professora: Ele disse que ia ao bar!


Guia: Estes quadros foram pintados por alguns pintores famosos.


Professora: Tanta preocupação Leonor! Não me quer dizer nada?


Leonor: Dizer o quê Helena?


Professor: Não sente um fraquinho pelo Talhante?


Leonor: Quem eu? (ri) Ele mete-me nojo! Somos diferentes!


Professora: Sempre ouvi dizer que os opostos se atraem!


(entretanto aparece o Talhante bêbado)


Talhante: Onde… Onde é que an… andam…


Professora: Eu não acredito nisto!


Talhante: (para a Guia) É muito… muito bonita! (a guia ignora-o) Eu… eu… eu sou… sou um desgraçado… ninguém… ninguém me quer! Quer… quer… casar comi… casar comigo?


Guia: Mas o que é isto? Eu já sou casada!


Leonor: É mesmo um idiota este gajo!


Professora: Oh senhor Talhante veja se comporta como deve ser!


Leonor: (para o Talhante) Olhe lá! Quer levar outra chapada para acordar?


Talhante: (olha para Leonor e aponta para a sua própria cara) Aqui! Dê aqui sua fofinha!


(Leonor espeta-lhe outra bofetada)


Leonor: Tome lá que é para aprender!


Talhante: (cai) Ai que bom!


Guia: Então? Mas agora isto é o Smack down? Ele não pode estar aqui neste estado! Tenham paciência!


(Agarram nele e metem-no fora de cena)


Guia: Isto não pode ser assim!


Professora: Desculpe lá!


Guia: Haviam de estar em olho nele! Põe se a beber até cair?


Mihamad: Desculpe lá menina!


Guia: Não tem mal senhor muçulmano!


Mihamad: Árabe menina! Árabe!


Guia: Peço desculpa senhor Árabe!


Leonor: Nós é que pedimos desculpa, com o que aconteceu!


Guia: Continuando! Este quadro aqui foi pintado pelo…


(O talhante aparece com outra garrafa de cerveja na mão Edgar aponta para ele. Olham todos)


Guia: Outra vez?


Leonor: Seu maldito! (Tira-lhe a cerveja das mãos e mete-lo lá fora! Fora de cena)


Guia: (para a professora) A senhora conhece-o?


Professora: Eu não!

Leonor: (brincando) Andava a pedir esmola, nós não lhe demos nada, depois veio atrás de nós.


Guia: Não são permitidas estas coisas neste castelo!

Ainda por cima na galeria!


Professora: Compreendo perfeitamente!


Guia: Continuando!



Leonor: Bêbado duma figa!


Guia: (aponta para um quadro) Este quadro foi pintado por Otávio Maneta. É um pintor Português.


(Edgar toca no quadro)


Guia: (para o Edgar) Não pode mexer nos quadros! Valem uma fortuna! (aponta para outro quadro) Aquele quadro ali foi pintado por Monet. Segundo o que se consta. Monet era um dos ídolos de Filipe.


Leonor: E o que a acontecer ao Rei D. Américo?


Guia: Bem, D. Américo quando soube que o seu fico se matou por causa do que ele fez, ficou com um grande peso na consciência e acabou por se matar também.


(Edgar repara que ninguém para ele e saca uma pistola e aponta para eles todos)


Edgar: (sotaque brasileiro. Fala com arrogância) Tudo para o chão!


(vão todos para o chão menos o Edgar)


Professora: (espantada) Edgar?


Leonor: Mas tu não és surdo-mudo?


Edgar: Sou! Mas por vezes apetece-me falar e ouvir!


Mihamad: Realmente este rapaz é mesmo uma caixinha de surpresas!


Edgar: Cala-te Maomé!


Mihamad: Mihamad rapaz! Mihamad!


Edgar: Você chama-se como eu quiser está a perceber? Vocês aqui são o que eu quiser e fazem o que eu quiser!


Professora: (chora) Mas porque é nos enganaste?


Edgar: Cala-me essa boca sua Garnizé! Senão vou rebentar essa caixa mioleira!


(entra o talhante com dores de cabeça, da ressaca)


Talhante: (Queixoso) Ai que dor de cabeça! Aí os meus músculos!


Edgar: (aponta a pistola para o Talhante) Ainda bem que apareceu! Temos umas contas ajustar!


Talhante: Mas será que eu bati com a cabeça? Desde quando é que um surdo-mudo fala? Deve ser algum milagre!


Edgar: Caluda seu carniceiro marrão! Joelho no chão já! Senão enfio uma bala na sua cabeça oca! (talhante mete um joelho no chão) Você está brincando com a minha cara? Está ficando sem jeito!


Talhante: Pronto ajeita-se! (mete o outro joelho no chão)


Edgar: Você tem a mania que é engraçadinho, mas comigo não faz farinha! Percebeu? Tem a mania que é forte mas também tem as suas fraquezas!


Talhante: Ok! Mas já agora porque é estás a falar Brasileiro, posso saber!


Edgar: Cala a boca já!


Talhante: Oh boca cala-te catano!


Edgar: Você não tem o corpo no seguro pois não?


Talhante: Eu tinha mas entretanto caducou!


(Edgar aponta a arma na cabeça do talhante)


Leonor: NÃO!


Edgar: Você está abusar! Daqui a pouco sua cabeça fica como um crivo! Percebeu?


Talhante: (medo) Pronto tem calma Edgar! Tem calminha! Eu… eu estava sim…simples…mente a brincar!


Edgar: Então também vou brincar contigo agora!


Mihamad: Edgar! Vá tem calma! Não faças nada que te arrependas!


Edgar e Talhante: (em coro) Cala-te cabeça de pano!


Edgar: (para o Talhante) Cala-se também você! Vai ganir como um cachorro! Agora! (talhante obedece) Lindo! Agora vai mugir como uma vaca! (talhante obedece) Maravilhoso!


Leonor: (chora) Larga-o seu monstro! Para de o humilhar! Se quiseres atirar, atira-me a mim!


Edgar: Olha! Olha! A fotógrafa a defender o seu amado! Tanto ódio, mas no fundo é só amor.


Leonor: Atira-me a mim, se tens coragem!


Edgar: Como queiras! Mas primeiro vou esclarecer aqui umas coisas.


Professora: Edgar porquê isto? Ninguém te fez mal!


Edgar: Cala a matraca sua defensora dos coitadinhos! Você devia ser a primeira a levar o tiro! Cala a boca antes que me arrependo!


Professora: Mas porquê isto? Porquê tanto ódio? Porquê esta farsa?


Edgar: Por me ter tratado assim! Como um coitadinho ou seja um inútil! È assim que você trata também os seus alunos? São umas aberrações não é? É assim que todo o mundo vê as pessoas com problema?


Talhante: Ninguém te mandou fazeres-te de surdo-mudo!


Edgar: Caluda! Eu fiz isto para gozar com suas caras!


Professora: (chora) Mas, eu não te via como uma aberração! Mas sim como um herói! Tu estavas atento a tudo! Tu salvaste o Talhante da morte!


Mihamad: Só uma aberração é que salva o Talhante da morte!


Leonor: Cala-te Mihamad!


Edgar: Aqui quem manda calar sou eu! Eu! Sabem porquê? Porque eu tenho o poder! O poder da defesa do homem a Arma de fogo e o dinheiro! Não é verdade? O homem sem dinheiro o que é? Não é nada! O homem sem uma arma de fogo o que é? Não é nada e sabem porquê? Porque o homem é um cobarde! Eu não sou não! (revoltado) E sabem porquê gente? Eu fui escravizado pelo homem! Eu passei fome! Eu vi, homem matando o meu Pai, minha mãe, minha irmã, meu irmão e o resto da minha família. E para defender meus bens, fugi do meu país.


Talhante: E quais são os teus bens já agora?


Edgar: Os meus bens? Os meus bens são os quadros deste castelo!


Guia: Como?


Edgar: Sim senhora! Você é uma vigarista! Estes quadros vieram do Brasil, eu sei! Alguns quadros vieram para Portugal! Eles foram pintados pelo meu avó! Sou o único sobrevivente da minha família, logo os quadros são meus! Essa história do príncipe que amava a pintura é tudo uma mentira!


Guia: Você é um aldrabão! Tudo o que você diz é mentira! Eu posso provar! Eu posso provar é só chamar o meu chefe!


Edgar: Você não vai sair daqui! Você só sai daqui quando eu levar os meus quadros! Talhante vai metendo os quadros dentro da minha sacola! Já!


Talhante: Tu não bates bem dos miolos!


Edgar: Eu o quê? Estás-te a esticar! (aponta a arma à cabeça)


Talhante: Pronto! Está bem! (obedece ao Edgar)


Mihamad: Vamos lá a ter calma!


Leonor: Não faças mal ao talhante, por favor!


(entra o Psiquiatra)


Psiquiatra: Ora boas tardes? Eu queria falar com a guia deste castelo sobre um quadro...


Edgar: Tu vais é para o chão como os outros, senão levas um tiro. Os quadros são todos meus.(aponta a arma para o psiquiatra)


Psiquiatra: (espantado) Hélder Matos! Quem diria que o encontrava aqui. (para todos) Não se assustem amigos. Eu sou o psiquiatra deste senhor e vou resolver a situação.


Professora: O quê?


Mihamad: O Edgar é o Hélder Matos?


Leonor: Já estava a desconfiar!


Psiquiatra: Oh Hélder, olhe o que você está a fazer! Causou o pânico a gente toda. Vamos para o hospital, anda toda a gente à sua procura! Até já se fala de si na TVI e tudo!


hélder: Calado! Para o chão já! Senão disparo? (apontando a arma)


Psiquiatra: Dispara o quê amigo? Eu sei bem que isso é uma pistola de água.


Hélder: Não é nada de água. É a sério! É sério!


Psiquiatra: Então dê-me um tiro!

Hélder: Olhe que eu dou!


Psiquiatra: Então dê!


Hélder: (atrapalhado) A... a.... agora não me apetece!


Psiquiatra: Está a ver?


Talhante: Pistola de água! Eu não acredito que fizemos todos figura de parvos, por causa de uma pistola de água. (para Hélder/Edgar) Espera aí que vais pagar bem caro pela tua maluqueira! (levantando-se)


Psiquiatra: (para talhante) Quietinho amigo!


Hélder: (com medo) Sim! Quietinho! Quietinho!


Psiquiatra: (para Hélder) Vá Hélder, vamos para o hospital. O senhor precisa de se tratar.


Hélder: Não! Eu quero os meus quadros! Eu quero os meus quadrinhos! A história deste castelo é uma farsa! Eles roubaram os quadros! Roubaram os quadros ao meu avô porque valem muito dinheiro! São uns ladrões!


Psiquiatra: Pois são uns bandidos. Mas depois vão devolver os seus quadros ok? (tentando enganar)


Hélder: (convencido) A sério?


Psiquiatra: A sério! Mas agora temos de ir! (para o resto dos personagens) Peço imensa desculpa por tudo isto amigos. Mas o Hélder não anda bem tem que ser tratado!


Hélder: (mais calmo) Mas depois quero os meus quadros.


Psiquiatra: Sim! Vai ter os seus quadros! (sai levando do hélder Matos/Edgar)


Guia: Ufa!


Professora: Que filme!


Leonor: Nunca pensei que o Edgar fosse o louco fugitivo!



(ouve-se uma voz fora de cena)


Panóias: Emplastro! Emplastro! Onde é que estás amor?


(Panóias entra em cena)


Panóias: Emplastro! Ai estás aqui meu amor?



Leonor: (para o talhante) Quem é este homem?


Talhante: Não sei. Conheci-o no bar do castelo.


Panóias: Então Emplastro? Vim ver se já tinhas recuperado da bebedeira e se querias ir viver comigo. Mas já vi que não mereces a minha atenção, pois estás-me a trair com essas mulheres.


Talhante: O quê? Eu a trair-te?...


Professora: Fogo, chega para lá essa boca! (sai de cena juntamente com a guia e o Mihamad)


Panóias: Sim. E a dizeres que te sentias sozinho e que gostavas da minha companhia. E afinal era tudo treta. (sai de cena a chorar)


Emplastro: Panóias espera! Percebeste tudo mal! (sai a correr)


Leonor: Afinal era este o segredo! Por isso é que ele não queria dizer o nome dele! Tanto machismo, afinal tem um nome da treta e não passa de um mariconso qualquer! Eu já devia ter reparado! É demasiado machista! (chora) Como posso ser tão estúpida em apaixonar-me por ele?


(Entretanto o Emplastro)


Emplastro: Leonor! Já está tudo resolvido. Houve aqui um mal entendido! Eu não sou aquilo que parece!


Leonor: Pois eu já tinha percebido isso! Não gostas de mulheres!


Emplastro: Não Leonor! Não é isso. Eu não sou gay! Eu não tenho nada com aquele gajo. Ele é que percebeu tudo mal. Eu estava bêbado, dei-lhe paleio no bar, devo-lhe ter dito que o amava, mas eu digo isso a toda a gente quando estou bêbado, só que ele ficou convencido que eu estava interessado mesmo nele. Mas não estou! Eu estou interessado é em ti Leonor.


Leonor: (não acreditando) Pois está bem!


Emplastro: Estou a falar a sério Leonor. Eu gosto muito de ti e também sei que gostas de mim.


Leonor: Eu gostar de ti? Nem pensar! Jamais gostaria de um homem como tu.


Emplastro: Está bem, está. Até querias dar a tua vida por mim quando o outro me queria alvejar... alvejar com uma pistola de água! (ri)


Leonor:(ri) Essa da pistola de água fica para a história!


Emplastro: Leonor, fica comigo. Eu sei que deves pensar que sou mal educado, maxista, preconceituoso. E tens toda a razão, eu portei-me mal durante a excursão. Mas na verdade eu até sou bom rapaz. Apenas sou revoltado, por nenhuma mulher se interessar por mim. Sinto-me sozinho percebes? (pausa) Ok! Já estou a ver que não queres saber. (vai para sair)


Leonor: Não vás embora. Tenho uma coisa para te dizer.(Aproximam-se um do outro e beijo)


FIM

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22-05-2009